domingo, 18 de julho de 2010

XXXVII - Porque só somos felizes/ Enquanto vivemos.

Não é o tempo que diz
o amor é de proveito?
Pois que te quero todo tempo.
Amor, por ti, perfeito...
Dosando cada passo
a favor do vento...
Que nos destrói:
Nossos erros,
E de longe me corrijo
E me comprometo,
Lha entendo,
Como você m'entende,
Com você, este aprende,
Como comigo, você aprende...

E voamos,
Como se não houvesse dano
Como se não houvesse corpo,
E todo ano, todo tempo,
Fôssemos o mesmo sonho,
O mesmo corpo...
E como somos nós,
O mundo em nós,
E nada é sem nós.
Desamarremo-los,
E simplifiquemos,
Porque só somos felizes
Enquanto vivemos.

XXXVI - Amor...

Amor como por ti
 Nenhum outro senti
 Minha bela amada
 Rola na grama,

 Imita,
 Funga,
 Cai na cama,
 E me domina
 Como quem me clama,
 dominada,
 num mutualismo
 multiversal.
 Traço fenomenal

 Dum voo sem ter asa
 Num mergulho, sem água
 E nunca morrer na vida,
 ou viver na morte
 E por tê-la.
 Tenho a mais profunda sorte...

XXXV - Mea culpa

Erro, não nego,
E assim devo...
Devo entrar num patamar
Que é o meu.
Erros que cometo,
Me levam ao desespero...
E erro recorrentemente,
na hora de falar,
Erro, não nego...
O que digo sem controle,
Me leva à beira do desaforo,
Da má interpretação.
Meus erros...
Porque meus erros fonéticos,
Erram caquéticos,
Os outros sofrem quietos.
Combino fonemas errados,
E minhas falas, milhões de poemas,
Saem todos esqueléticos,
farpados.

E todo perdão que pedi,
Todo ser que magoei,
Hoje entendo...
Entendo o fato de ter dito demais,
Demais coisas erradas,
Coisas desfaladas,
agindo como farpas...
Destruindo todas as harpas,
Evocando as harpias
Dos meus medos e insegurança,
Ai, Ai de mim, desgraçado,
que eu falo sempre que quero dizer,
termina errado...
Porque chega ao ouvido tudo ao contrário.

Erro recorrentemente, não nego,
E vou mudar.
Porque a poesia maior está em se superar.

Um poeta que não sabe se expressar.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

XXXIV - Abandono

A cabeça dói em pesar e sono
Pois não a vida não se constrói
Só de sonho.
A vida é antes de tudo
                 ABANDONO.

- A começar,
                Abandona-se a infância,
Todo passado, toda
                                 Intolerância
- Então, abandona-se o ego
              Querer pra si
                  Em diferente ser.

- Portanto se abandona
                 A matéria,
                                    Tudo mais
Como em excesso
- A cada erro, se é mais possesso.

Mas a lei da vida
        - O ABANDONO –
 Nos faz crer e abandonar
         Nossas posturas anteriores.

O Abandono, lei da vida,
Nos abandonar,
O existencialismo,
O materialismo,
O nada. Enfim
     É o que resta.

Então simples assim,

Abandona-se a si mesmo.
   E toda e qualquer forma de erro.

Abandonamos, até mes'o,
O compreender de si –
   Ser por si a esmo.

E neste todo abandono,
Volta-se, enfim,
A se encontrar humano
E ser humano
   No abandono de tudo. 

terça-feira, 6 de julho de 2010

XXXIII - Quadra

O vento corre sem fio
Pujante, na beira do mar,
Mesmo o coração mais frio
Não vive se não souber amar.

O tempo de agora tranqüilo
Não sabe o desesperar,
Só o que me tira do trilho
É esperar minha amada chegar.

Eu sei de tudo um pouco
Mandar poesia a escriturar,
Tentaram me chamar de louco,
Porque um dia não quis rimar.

O que te importa é dinheiro,
O que me importa é saúde,
Nesta vida eu termino inteiro,
Tu vais ‘cabá no fundo do açude.

XXXII -

Pobre inseto
Animal arrasado
É nada frente ao Universo
E ao amor que sinto.

domingo, 4 de julho de 2010

XXXI - Sol, Majestoso...

Sol, Majestoso Sol
Sob seu reinado
SUBLINHAMOS
A FOICE E O ANZOL
Sob tua luz somos
 Carne e farol,
Nos fótons da imensidão
                     De 3x10^8 m/s.
Sol, majestoso...
Pena que não conheces
           As mazelas e os maus
Como os vejo,
   Senão fulminava a todos.

XXX - Entre humanos e felinos...

O gato mia como mia toda gente
Como mia o perdido ausente,
Como geme o complacente
Como chora a criança frustrada,
Como alarmado corre toda hora,
E diligente o preguiçoso dorme,
Como poeta escrevia rimas cruzadas
E, esteta, as conta milimetradas.

O gato mia, como mia toda gente
E o gramático vê cacofonia exagerada,
E os namorados se sentem falta
E gente alta anda em itálico...
E simplificada, a dor vira mágoa.

O gato mia na hora errada.
O felino ria às custas humanas,
Almas dilaceradas por errar fonemas,
Que eles conhecem tão bem...

A conclusão disso tudo,
Eu não gosto de gatos,
Não dos que miam,
O miar é triste,
     E tem gente que insiste
     Em comparar humano e felino...
O que é errado: humanos
Somos mais parecidos com ratos.

XXIX - Conjuntural do Tempo II

Do que é feito o tempo?
É feito de espaço
Então como num laço,
Se prende e demarca,
Controla e se explora,
Imundo tempo,
Se cala.
- Não era aquela vala,
Aquilo é lamento.
O tempo não é feito de espaço.
Só é feito de tempo!
Mas a luz, na velocidade,
Invariante,
Parou um instante,
E o coitado do tempo sumiu.

XXVIII - Conjutural do tempo I

Eu tenho amor maior
Que não irá se entender
É tão transcendental,
Não sei explicar pra você.
Eu finalmente compreendi
A diferença entre
O estrito e o amplo
A cidade e o campo
O menisco e a anca.
Usar de termos vulgares,
Ou ininteligíveis,
Nada descrevem
Por que tal amor,
Nosso amor, sempre
TRANSCENDE
E cada erro, que não é pra ser,
Quando cometi, percebo
Que fiz
Nem milhares de versos
Vão expressar
Vão falar o que diz
E se diz só mudo.
Pinto em aquarela
Um quadro mudo
E não sei dizer, se é mais bela,
Sua graça ou todas as cores do mundo
Porque todas formam
A harmonia e um segundo.

XXVII - Erros

Todo mundo na vida
Algum dia é estúpido
Todo mundo sofre
Algum dia por ter sido pútrido.

Todo mundo algum dia erra
Algum erro recorrente,
E depois, só, se desespera,
Na tristeza que sente.

E o pior de tudo
É a sensação vil,
De ter que sofrer mudo,

É a sensação do absurdo,
De ser tolhido do que mais quer.
É quando como um amante
Sofre lhe ter tolhido direito
Ainda que por mínimo fator qualquer,
O Direito de ouvir a voz
                                   De sua mulher.

XXVI - durma...

Durma o pouco tempo
Que resta
    Que a hora não é essa
     Durma, comumente
     Com o fáscio de gente ignorada.
A igualdade dos valores, penhorada.
      Durma, tente entender,
          Ainda que só em sonho
         A alma, qualquer, dilacerada.

XXV - Contra dição

É doentio e feliz viver neste mundo
  A lotação dobra o espaço,
      Não sei como: há dois corpos no mesmo lapso,
      Não sei como
               A saudade corrói o traço...
     Humilde, conheço o lapso.
        E não sei como tive,
           Nervos de aço.
     Só sei: Aço enferruja...
      Humor negro não é de palhaço.
                                                ou é?  

XXIV - Amor IV

Mi’a hora
Demora con las manos empezadas,
Mi ojos no dicen nada,
Além cual los nombres,
        Comunas de una estrada.
Y las chicas, todas son cruelas,
   Y desalmadas.
Todas, exceto una: mia amada.

XXIII

Demo crates
     Ipsis Literis
Says:
    Vox Dei, Vox Populi,
Isto não se engole
 Neither,
    Lacto o stricto senso.

XXII - Dia/gnose

Como um lado certo
Que não vem feto,
Domino o futuro
Com um escudo
Preventivo de sorte.
O cênico saber certo é a morte.

O que não muda o trote
Da ciência cega.

- Gracce Dio,
Esta gnose é certa:
A maior verdade do sem teto
É um teto,
Do faminto,
É comida,
Do rico, é piscina.
Do humano certo qualquer,
             É a morte.

XXI - Mão do Mercado

No princípio era o Verbo
E do verbo fez-se a carne
E da carne fez-se o pensar
Do ponderar, fez-se a troca.

E a troca, o Mercado,
Do Mercado fez-se a roca,
E da roca fez-se o lucro,
E do lucro se especula,
Onde este se acumula.

E o Mercado ri-se em júbilo
Por ter sua Mão Invisível,
Tomado Princípio estúpido,
Quando esta só não passa
De ser a justificativa do egoísta,
Ser mais egoísta,
Enojando qualquer pobre artista,
Que se ouse dizer poeta.

XX - Política II

Ó pestilenta raça
Dominadora da massa,
Só vos chamo de raça,
Porque são como cães de caça,
Demoníacos
             Dragões
             (Des)Humanos.
Coronéis, Senhores de engenho
= políticos.
- Deus do céu, meus Pêsames,
Por quem não sai deste ciclo!

XIX - Revolução das Máquinas

TOC. TOC. TOC.
30°
SOBE... SOBE!
  MAIS PRAESQUERDA
         FRENTE
         NÃO! NÃO!
              VOLTA
PRA TRÁS...
     Znnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn...
  A nãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaao!
- A Máquina olhava
  Rota.
 Sangue regava o chão.

XVIII - O mal do século XXI

No século dezenove,
Era o princípio dos males,
Era a desesperança,
Ceticismo no passado.
Haja império da bonança,
Que se afigurava.

No centurião vigésimo,
Era a pátina negação
VISCERAL da construção
Humana e só um centésimo
Descomunal capaz de levar
De modo total uma geração
             HUMANA.

No primeiro, pós vinte
Dez décadas, é sorrateiro:
O primeiro tempo na história
De estar não estando,
Ser não sendo,
Viver não vivendo,
Na maior comunidade
Inventada e solitária...

XVII - Lógica

Se nada fosse algo,
Algo seria muito,
   Se muito fosse nada,
    E algo fosse muito,
       Nada seria abrigo,
     E Algo seria absurdo.
  Mas sendo absurdo,
           Já não seria nada,
               Então, humilde
     Conclua:
  NADA não existe,
Porque mesmo em
       Sendo “nada”,
       Isto já é alguma
                Coisa.

XVI - Política

O azul virou laranja
  Depois cinza, então vermelho,
   E depois, acendeu uma centelha,
    Que de avermelhada,
     Virou prata, de prata
      Trouxe bronze, de bronze,
     Aço; do aço, vento; do ve(n)to;
     Água.
       Eis A anágua do pensamento.
    Enquanto o laranja corre o mundo,
    O Azul – politiqueto, populista,
        Chechelento – é neoliberal ao extremo:
      Fede das calças ao pensamento.

XV - Ying, Yang

Quanta ânsia e alívio
         Pelo fim de certa pausa
         Por atingir certa causa
è Negando o frívolo
Enxertando o sentido
   Nas mentes atormentadas.
Quanto alívio no arremete
                 Do caos.

XIV - Catarse

Estou deitado sobre o mundo
E toda vida pulsa sob mim,
Estou cansado do absurdo,
Das críticas sem fim.
Hoje é o vento, ar de sentimento,
Toda nota musical,
Que resvala sobre mim.
Todo resto se cala
E não existe distância
Que transpasse o transe
Da catarse livre da ânsia
De estar sobre ti.
O mundo todo repousa em ti...
Milhares de amores que gora forma o nosso. 

XIII - Amor III

O tempo não é o que é
Só sabe tentar a real do tempo em pé,
E não importa o que vier,
Firme, a rocha
E a forma
Eu sei, não importa o que vier,
O amor é mineral,
Por si só já é.

XII - Do amor à política

Sinto todo verão no teu beijo
No último dia, me sobrevejo,
As colunas de ar, na brisa
Murmurando o toque não
        Se calam
                      Reboque,
           Milhões morrem,
                Toque,
                  No último dia do Verão,
                    Sinto teu beijo,
                          Reboque,
                               Do toque,
                               Que compreendo
                           Longe do afã,
                                Política vã,
                         Da má distribuição
                                      De renda.

XI - Amor II

Do júbilo ressaltado,
   Sobre o Tempo
        Além espaço,
        Toda chuva,
        Todo cansaço
        Resvalam, refletem,
        Não sou, nem de longe,
        De aço.
E não importa o que já importa
      De porta em porta
           O tempo nunca fica sem espaço,
     De canto em canto
                poemas sempre saem
                                                 Versificados,
    De amor em amor,
          O nosso é eternizado.

X

Da unilateral distância
Do tempo fractal e infância,
Todo livre de ambição e ganância.
Sorriso é o poema duma criança
Que somos nós no tempo do Universo.

IX - Amor casal

“Amor que não se mede”
De hoje em diante
   É o sempre
   O Agora aprendiz
  Como não tempo fosse
 No olhar teu qu’é doce
E em frente largo
Meu lado amargo
E mergulho no teu lago
De sentimentos,
          Doce,
        Humilde,
        Nos teus olhos, Mar i,
           Submerso e
                      Renovado.

VIII - Ser

O sempre sou
O que sempre é
O que não entende
Onde forem quaisquer
   Lotes do que não é
   E ser o que não sabe.

VII

O néscio segue
          O que não conhece
         Diz o que não sabe.
    A morte é negra...
              No fundo da noite
           Nas demoníacas forças do caos.

VI - Violência urbana

Olhou estático
O que via era o rubro líquor
Morte na noite,
      Como se não houvesse
                    O Nada
                E o que vivesse
     Sempre fosse um barulho
                    Uma batida
                    Um tiro
     A violência é só o começo.
        Morte
        Sortilegicamente
        Corre na mente.

   E nada nunca fosse.

V - Efemeridade

Cálidas flores
Do azourrague
   No jardim,
   Ainda bem que
         Não conhecem
         Dores
      Da vida humana,
  Tão tola,
     Curta e
                Vil,
Que há gente
Cujas palavras
E modos,
Parecem cães
     Presos num canil.

IV

O ideal é pouco
É louco,
Quem ousar
            Conquistar
Nobre pouco,
     O ideal é.

III - Revolucionário

O tempo do não tempo
Nas terras do sem-fim,
Será que sobrou alguma parte
-solene- para mim?
Quero meu quinhão
     Não merecido,
Nas terras do Novo Mundo,
E explorar,
     Terras, Mares e vales,
De modos a escravizar todo mundo!
Quero meu quinhão
        De sorte, meu canhão e lote
Para lutar contra a morte
       Que se azinha em mim.
Quero meu quinhão dourado,
       Nas Gerais do Sem-fim,
       Quero Brasília pra mim,
E o povo todo que se dane...
 - Não foi todo e qualquer poderoso
       Da terra Tupiniquim,
       Que fez assim?
Quando nos livraremos dessa corja podre, enfim?

II - Ação Natural

Como se o tempo não houvesse,
E tudo mais se fizesse,
Dobrando o espaço num instante
Teleporte sentimento revigorante.
Não sendo nada como dantes,
Afora o frio desce.

I- Do passar do tempo

Nada como um dia após o outro
Digamos o complexo fácil,
O entender por si louco.

O que não passa sempre
Traça o cinza no papel
Como se tudo fosse ao léu
E nada ou tudo caísse do céu.

Que é então bem viver,
Sobretudo no não entender
Do tudo transcendente?

Um soneto ninguém entende
Sobressai um poema
Nada como um dia pós o outro,
Louco é quem ousa ser só.