segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

XLVI


E cantemos ao tempo cartesiano
Tão infante perante tantos anos,
Que morrem recrudescentes panos,
E sejamos onde sempre é o amor,
Destruindo as dúvidas, velejamos.

Saudosos poemas de eras remotas
Empueirados nas cabeças e corações
Deixem-nos, antigos marinheiros
Rotos e suas vis canções.
E quantos rouxinóis nos vemos mais?

Hoje é melhor que ontem
E sejamos o que fôssemos sempre
Pra ser o que não tem
E entender o que sermos corrente
Unos em um mundo devastado...

Corações drenados,
sugando espíritos
E captando emoções,
Vampiros consortes
Vampiros de revoluções.

Sejamos como sempre fôremos
Destoados cânhamos forenses,
Onde a morte exala o cheiro
Navegante, imundo no chão...
Nada somos perante tal!

E quanto cantamos e quanto vivemos
Sobre amor e morte,
É o que somos é o que entendemos
E de tal modo compreendemos,
Os verbos não rimam com perfeição.

Mas quem se importa?
Hoje é melhor que ontem
E o que tem sermos o que é
E o que há de ser tentar
Usar tanta conjunção?

O mundo corre sobre
Água salgada,
O espírito corre,
No sangue salgado,
E mares regamos lares...

Os altares de vida e morte
Destruídos pelas blasfêmias
Não entendidos entendedores
De tudo e nada, como se fossem
Como se fossem, como se...

E os escombros necessários,
Agora estão todos no chão.
Sejamos um fluxo torrencial,
Para reconstruir o não destruído
E refazer o não feito...

Fazer direito, um mundo perfeito.
É hoje que somos o direito,
Hoje viventes amanhã, poente,
E temos em nós o princípio incidente
De sermos sempre crescentes...

Ou decadentes.
Cai mais um trovão como a chuva,
Mergulhando em metal
e termos de água,
Sobra posição fetal.

Comece tudo de novo.
E todos os erros permanentes,
Os deixe como sinaleiros,
E não mais enfeites.
Agora é o renascimento.

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